Quinta-feira Santa é um dos dias mais aguardados por católicos e por turistas que anualmente vêm a Oeiras para a Semana Santa. Neste dia acontece a Procissão do Fogaréu, uma das mais belas que acontecem em Oeiras e que reúne centenas de homens que percorrem as ruas da cidade levando tochas, velas, lamparinas, fazendo um verdadeiro momento de fé.
Como mais um ano as procissões não podem ser realizadas por conta da pandemia do Coronavírus, reunimos imagens da edições anteriores de mais esta celebração genuinamente oeirense para que nossos leitores aliviem um pouco a saudade. As imagens são da fotógrafa Adleuza Pacheco, com texto do historiador Júnior Vianna
Fogaréu da fé
Por Júnior Vianna
No adro da Catedral de Nossa Senhora da Vitória dezenas de lamparinas, simbólicas apenas, os homens estão ausentes. É uma tristeza avassaladora ver todo aquele largo vazio! A noite mágica do fogaréu deu lugar à esperança em cada vela acesa nas soleiras das janelas dos oeirenses.
Na Rua do Fogo, o breu da noite da Quinta-Feira Santa é dissipado pelas muitas velas projetadas nas calçadas, portas e janelas. No trajeto secular cinco homens desafiam as regras higienistas e fazem silenciosos o caminho santo da Procissão do Fogaréu de Oeiras.
O perímetro urbano da Primeira Capital paira uma atmosfera melancólica e penitente, está é a Quinta-Feira Santa mais dolorosa do todas já vividas por essas bandas do trópico. O som da matraca faz doer os ossos, as artes de ferro ao tocar a madeira seca repetidas vezes nos convida recolhermos em nome dos mais fracos e vulneráveis.
Hoje é escrita mais uma página da história da Velha Urbe, redigida com o desejo que não mais venha repetir e que fique apenas na memória o dia que as ruas seculares do Brejo do Mocha não se transformaram nas vias públicas da Jerusalém antiga.
Vídeo: Drone Oeiras